Por Maria do Carmo Tirado
CRP/SP 42494
Parceira Conquistah Consultoria Psicológica
Alienação Parental é o nome dado por Richard A. Gardner (28 de abril de 1931 — 25 de maio de 2003), psiquiatra e consultor forense, para um suposto processo de manipulação psicológica de uma criança, que mostra medo, desrespeito ou hostilidades injustificadas em relação a um pai ou mãe e/ou a outros membros da família. Pode levar à Síndrome de Alienação Parental (SAP), com possíveis consequências de distúrbios de personalidade ou mesmo daquela criança no futuro se tornar um genitor alienador.
O eminente Juiz Federal em São Paulo, Dr. Elízio Luiz Peres, foi o autor da Lei Federal 12.318/10 sobre Alienação Parental. O próprio ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), estipula menção a essa Lei, que foi revogada (restabelecida) em 2023, através da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), aprovada pelo Projeto de Lei (PL 1.372/2023).
Pensar e refletir sobre esse tema é o fito deste artigo
Estamos vivendo, nesses últimos anos, um turbilhão de mudanças estruturais nas famílias. Aquela tradicional, pai, mãe e filhos, com mães que não trabalhavam e viviam por conta da prole, quase não mais existe mais.
Na atualidade a mulher tem um papel importante na sociedade de forma diferente, muitas sustentam seus lares (por si só) e, às vezes, dependem muito da ajuda de terceiros na educação de seus rebentos. Apresentam maior autonomia, mas está longe dessa situação ser igualitária.
Do mesmo modo, muitos pais assumiram outros valores; Hoje, não incomum, homens tiram férias, além da licença maternidade, para auxiliar no trato do recém-nascido, quando a mulher tem o filho; isso é importante, sobretudo, para criar vínculos mais duradouros com a criança. Tudo isso é sem dúvida excelente.
Por outro lado, a vida tem imposto, não só trabalhos exaustivos, como aprimoramentos através de cursos, pós graduações etc. Os pais ficam assoberbados e, muitas vezes, se perdem nesses cuidados. Por melhores que sejam suas intenções, nem sempre a fase inicial, se perpetua. Problemas econômicos, familiares, intervenções de terceiros - nem sempre adequadas - podem tumultuar a vivência saudável da família.
Quantas situações que poderiam ter sido evitadas, mas que a correria, outros chamados que a vida lhes apresenta, distancia muitas vezes aquele casal, sendo que a quantidade de separações conjugais aumentou assustadoramente. Especialmente, na época da incidência da Covid, na qual famílias tiveram que coabitar (literalmente), por 24 horas, emergindo quadros de depressão e ansiedade graves; infelizmente alguns negligenciados.
Ali ficou claro quem de fato estava ligado por laços fortes, independente das situações adversas e do medo que assolou a mente das pessoas, refletindo como um todo na sociedade.
Infelizmente, mulheres, em especial, e em muitos casos, seus filhos, foram vítimas de desentendimentos e, em alguns casos, violência psicológica e doméstica.
Não raro, a incidência de crimes registrados foi oriundo de uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas e, em meio a isso, vimos crianças vulneráveis pedindo SOS; a maior parte não ouvida.
Separações conjugais por si mesmas, são muito delicadas, passam por um processo de luto.
Corriqueiramente, no consultório psicológico, nos deparamos com lides e lides, nos quais inúmeras vezes os pequenos se tornam alvos fáceis de manipulação
Cada parceiro, tem lá suas razões, algumas de cunho absolutamente monetário, esquecendo o lado afetivo. As crianças e adolescentes sentem, o tempo todo, os reflexos dessas atitudes.
Não incomum ouvir falas do tipo: “não conta para sua mãe isso”, “deixa que eu dou o cartão de crédito na sua mão”, “estou namorando outra pessoa, muito melhor do que sua mãe (ou seu pai)”. E assim por diante...
Essas atitudes têm muita relevância na formação dos pequenos e na cabeça dos jovens. Para quem nos acompanha, temos artigos pertinentes a essas fases, nas quais já chamamos a atenção para pais imaturos que não sabem lidar com as vicissitudes da vida, quiçá com separações e o luto advindo dessa situação.
Muitos entram em relações frágeis, não pensam muito no futuro, vão ao encontro do imediatismo e suas funestas consequências.
Mas cuidar e educar filhos é bem mais difícil e complexo. A crianças e os adolescentes têm seus sentimentos, ficam no meio do casal e muitas vezes são literalmente “usados” como joguetes.
Hoje, temos os meus, os seus, os nossos filhos e nem sempre isso é visto e sentido de forma equilibrada. Há divergências e diferenças, educações e tratativas que deveriam ser individualizadas.
Entendo que, antigamente, os casais, muitas vezes, “se suportavam” por causa dos filhos, como se estes não percebessem os problemas. Isso também era - e ainda é - para algumas situações, alienante.
O Magistrado tem que ser imparcial, seguir os ditames legais e ser um grande mediador. Precisa, muitas vezes, de psicólogos forenses para contendas mais complexas, a fim de chegar num consenso que possa equacionar com equilíbrio a situação de ambas as partes.
Para uma criança e/ou jovem, seus pais têm um papel muito importante e particular. Essa particularidade nem sempre vem à tona pela fala; processos de ludoterapia voltados a crianças são bastante promissores para que possam se expressar. Já os adolescentes, independentemente, de um psicodiagnóstico, uma conversa aberta com profissional especializado e experiente na área psicológica pode evitar grandes conflitos. Lembrando que os pais, em ambos os casos, têm que ser chamados, via de regra unilateralmente.
Quando ainda há possibilidades de reconciliação do casal, terapias próprias podem ajudar e um bom mediador sempre é válido.
Essas medidas visam, justamente, não chegar à alienação parental, pois uma vez instalada, as possíveis sequelas (futuras), em muitos casos, são irreparáveis.
Faço questão de reiterar parte de um artigo de minha autoria publicado há alguns meses:
“Desde a infância devemos semear bons princípios e ótimos exemplos a nossos filhos, para que os ajudemos a se tornarem homens melhores, com autoestima voltada ao bem. Nunca o mundo precisou tanto disso! As raízes plantadas e devidamente semeadas, tornam-se bons frutos e por consequência a colheita será farta”.
Um aspecto de relevância é o de que a violência contra a mulher cresceu assustadoramente, e que, portanto, muitas dessas mulheres já estão em total vulnerabilidade. Isso significa que entram em disputas judiciais fragilizadas, discriminadas e sem forças para lidar com seus algozes. As crianças e jovens já viveram muitas brigas, discussões; crescem em meio ao caos e, por “medo”, aceitam as regras de um jogo “sujo”, repetindo histórias lá para frente, além da possibilidade de doenças mentais advindas desse processo.
Lógico que existem mulheres igualmente abusivas e narcísicas, mas em menor quantidade. Talvez, no Brasil, essa incidência seja menor, pela própria raiz cultural machista, que ainda é vigente em alguns lugares, por mais que venha revestida de disfarces.
Na verdade Jesus, que era Jesus, já defendia, há mais de 2000 anos, as mulheres, como consta na Bíblia de maneira simbólica. Não estou aqui querendo defender só um lado, conheço homens maravilhosos, excelentes pais, que jamais exporiam seus filhos à alienação.
Quem sabe, um dia teremos um mundo mais igualitário e feliz, onde os pais possam ser realmente afetivos, que põem limites sim, mas que são amorosos. Caso precisem se separar por contingências da vida, que salvaguardem seus filhos de suas próprias falhas e erros.
Nós da Conquistah lutamos por isso...
Pense nisso...
A decisão é nossa! Só nossa!
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