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Liberdade e Responsabilidade

Gabriella Sperati

Por Ana Paula Aquilino Psicóloga – CRPSP 20694 Parceira Conquistah Consultoria Psicológica 

O que é liberdade para você? Se você estivesse sozinho numa ilha, considera que seria uma pessoa

livre?


Liberdade significa fazer tudo que você tem vontade, a hora quiser, do jeito que quiser, onde quer que esteja?


Qual a diferença entre a liberdade que nós, seres humanos, podemos ter e a liberdade que animais que vivem na natureza têm?


Se compararmos a nossa liberdade com a dos animais, mesmo os mais selvagens que vivem “livres” na natureza, vamos encontrar alguns aspectos interessantes: os animais selvagens são livres, mas estão limitados à preservação de sua espécie, à sua sobrevivência a qualquer custo, seguindo seus instintos para garantir sua continuidade.


Já os animais menos selvagens e, mesmo os mais domesticados e amados por nós, têm a capacidade de construir fortes vínculos afetivos, cuidando de seus cuidadores e sendo cuidados em sua segurança e sobrevivência. Seus instintos fazem com que ajam de forma a preservar esses vínculos e, expressar sua afetividade faz parte dessa preservação.


Voltemos ao Ser Humano. Não podemos negar que os dois níveis de liberdade citados acima estejam presentes para nós, algumas vezes mais presentes do que em outras, dependendo da situação.


Mas somos muito mais do que isso!

Diferentes linhas da Psicologia definem o Ser Humano de diferentes maneiras, sob pontos de vista bem diversos. Quero desenvolver, neste momento, uma específica, que é a da Análise Existencial ou Logoterapia.


Não vou aqui compará-la com outras linhas. Quero apenas expor pontos que considero de muita relevância para o olhar sobre o que significa ser um ser humano na linha da Logoterapia, com a qual mais me identifico. Por essa vertente de pensamento, o ser humano é o único ser vivente que escolhe o que quer, apesar das heranças e definições biológicas, apesar dos instintos e do mundo circundante.


Cada uma dessas instâncias influencia naquilo que cada um de nós é, mas nenhuma delas ou mesmo todas juntas não nos definem. Porque há algo mais como característica única do ser humano: só nós podemos e precisamos refletir sobre nossa existência. É algo específico da humanidade, independente da cultura, das condições físicas, sociais e culturais. Buscamos sentido para nossa vida e para tudo que fazemos.


Então, se temos a capacidade e possibilidade de escolha, apesar de tudo que nos limita (e, como vimos, mesmo os animais selvagens em liberdade, tem limitações e não têm essa possibilidade), a capacidade de escolha representa a essência de nossa liberdade.


Somos diferentes de outros seres viventes por causa disso. E que escolhas costumamos fazer? Com base em que? Como se expressa nossa liberdade? Se pensarmos em liberdade como a possibilidade de fazer o quisermos, como, onde e da maneira que quisermos, podemos cair numa visão onipotente, egocêntrica e narcisista do ser humano. Mas, embora existam alguns assim, sabemos que a convivência fica muito difícil e essas pessoas acabam não se relacionando de forma saudável. Não é saudável nem para elas nem para quem convive com elas. Então, chegamos aqui, num outro ponto muito importante: nós, seres humanos, fazemos mais do que viver. Nós CONvivemos, por mais

isolados que alguns se mantenham ou sejam mantidos. Então, para mantermos nossa condição humana, temos uma delimitação em nossa liberdade.


Assim, as perguntas, agora, são: liberdade de quê e em relação a quê ou a quem? Porque se convivo, sou responsável pelo que acontece comigo, com as pessoas que me cercam e com o meu ambiente.


Por isso, nossa liberdade é sempre relativa, condicional, finita. Está, ligadas à responsabilidade das liberdade será, indiscutivelmente, moderada/ mediada, pela responsabilidade, sob risco de marginalização sempre, sob restrições morais consequências geradas por sua utilização.


Então você pode comentar: é por isso que eu gostaria de viver numa ilha deserta! Seria maravilhoso, mas o ser humano é um ser intrinsicamente social.


A solidão não resolve seus dilemas!


Houve um fato muito interessante que aconteceu anos atrás, quando um aluno perguntou à antropóloga Margaret Mead sobre o primeiro sinal de civilização em uma cultura. A resposta inesperada – esperava- se algo como alguma ferramenta, algum artefato religioso – trouxe o fato surpreendente de um fêmur fraturado e curado de 15.000 anos encontrado em um sítio arqueológico. Com a medicina atual, a cicatrização total desse osso leva cerca de seis meses. No período a que pertencia esse osso, o indivíduo teria sido abandonado, pois seus contemporâneos não tinham como saber o que fazer nessa situação,

sem se colocarem em risco. Nunca havia sido encontrado um osso curado, com sinais de sobrevida até então. Mas este osso em particular foi quebrado e curado. Alguém cuidou, alimentou, protegeu e lidou com a dor do dono desse osso, que acabou por se curar, sabe-se lá após quanto tempo. Tudo isso resulta no entendimento de que alguém

assumiu a responsabilidade por aquela pessoa. Primeiro sinal de civilização em uma cultura!


Voltemos ao presente, mas levando em consideração a importante informação acima, que vêm lá dos primeiros seres humanos civilizados. Olhemos para o seguinte ponto de vista: as pessoas não só se interior/exterior, biológico/ambiental – como também se posicionam em relação a tudo isso.


O trilho para esse posicionamento é a sua consciência moral, são os seus valores, construídos ao longo de suas histórias individuais, mas que estão indiscutivelmente inseridos num contexto mais amplo, ou seja, relacionados e relativizados pela convivência nos diversos grupos dos quais faz parte – os micro (familiares, escola, trabalho etc.), e o macro (sociedade como um todo).


As pessoas não estão livres de certas condições, mas são livres para se posicionar diante delas. Assim, o ser humano é livre para responder às situações e responsável

pelas consequências advindas dessa resposta.


Em nossa civilização atual, qualquer que seja o país, o continente, a sociedade, só há liberdade se vinculada à responsabilidade. O que sai disso, traz consequências dramáticas para o planeta e toda a sua população. A desvinculação entre esses dois fatores dá origem à onipotência, à arbitrariedade, a desmandos e escravização. Existe muito ainda? Com certeza!


Mas, sem dúvida, representam uma violação da definição de Ser Humano, seja em que tipo de relação for!


E você, se considera livre? Em relação a que e a quem você se vê responsável nas escolhas que faz?


Pense bem!

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