O que é transtorno do Espectro Autista - TEA
- Gabriella Sperati
- há 6 dias
- 3 min de leitura
Por Eliana Aparecida Conquista
CRPSP 42479

Iniciamos este artigo explicando o transtorno do Espectro Autista (TEA), também conhecido apenas como autismo, de forma fácil e compreensível. É um transtorno de desenvolvimento neurológico, afeta as habilidades físicas, motoras, de comunicação e de interação social. A condição costuma se manifestar durante a primeira infância e acomete, com maior prevalência, em meninos.
Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente 1% da população mundial pode ter autismo. Além disso, estima-se que, em todo o mundo, uma em cada 160 crianças convivem com o diagnóstico de TEA.
Mas, afinal, o que é Espectro?
Utilizamos o termo Espectro no nome do transtorno autista desde 2013, por conta da diversidade de sintomas e níveis que as pessoas apresentavam. Cada indivíduo com autismo tem seu próprio conjunto de manifestações, tornando-o único dentro do espectro
Os sintomas de autismo variam de acordo com o nível do espectro em que o paciente está inserido. Entre as áreas afetadas e suas manifestações estão:
Comunicação:
Dificuldade em iniciar ou manter uma conversa social
Comunicar-se com gestos em vez de palavras
Atraso ou não desenvolvimento da linguagem
Referir-se a si mesmo de forma errada (por exemplo, dizer “você quer água” quando a criança quer dizer “eu quero água”)
Repetir muitas vezes a mesma palavra ou pergunta
Dificuldade em compreender figuras de linguagem e sarcasmo
Comunicação monótona
Interação social
Dificuldade em fazer amigos
Não mantém contato visual
Isolamento
Falta de empatia
Não gosta de contatos físicos, como beijos e abraços
Comportamento
Acessos de raiva intensos e agressividade
Fixação em um único assunto ou tarefa
Dificuldade de atenção
Hiperatividade
Movimentos corporais repetitivos
Dificuldade em interagir em atividades de imaginação
Visão, audição, tato, olfato ou paladar excessivamente sensíveis
Não apresentar medo em situações perigosas
Irritação com mudanças na rotina
Apego a objetos
Sinais de autismo em bebê

O diagnóstico de autismo costuma ocorrer antes dos três anos de idade, já que os sinais do transtorno costumam aparecer cedo. Em consulta, o médico procurará por sinais de atraso no desenvolvimento da criança.
Para o diagnóstico, é utilizado o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria, que define como autista o paciente que apresenta pelo menos seis dos sintomas clássicos da condição.
Uma avaliação de autismo, normalmente, pode incluir exames físicos e neurológicos completos.
As crianças com suspeita de autismo ainda podem passar por testes genéticos em busca de anomalias nos cromossomos.
Embora não exista cura, o espectro autista tem tratamento, capaz de melhorar a qualidade de vida dos pacientes, tornando-os mais independentes e sociáveis. Na maioria dos casos, um time multidisciplinar é indicado, já que cada profissional trabalhará uma dificuldade específica.
Costuma-se indicar acompanhamentos com:
análise aplicada de comportamento: tem o objetivo de reduzir comportamentos nocivos e estimular condutas positivas;
ludoterapia: jogos e brinquedos trabalham a interação social e questões sensoriais da criança;
fonoaudiologia: orienta a criança no desenvolvimento verbal e gestual;
habilidades sociais: simula interações do cotidiano a fim de melhorar o comportamento social do paciente;
medicamentos: embora não existam medicamentos para o autismo, alguns remédios ajudam com possíveis problemas emocionais manifestados pela pessoa autista, como ansiedade, agressividade, depressão, estresse, hiperatividade, impulsividade e alterações de humor.
Usa-se, para falar sobre pessoas que fazem parte do TEA, assim como de outros transtornos neurológicos, o termo “neurodivergente”. Para que sejam reconhecidos e respeitados em locais públicos, o cordão colorido com imagem de peças de “quebra-cabeças” é específico para o TEA, e também o cordão com girassóis, que indica deficiências ocultas (TEA, surdez, deficiência intelectual, dentre outras).
Atualmente, existem muitos grupos de mães de filhos que fazem parte do Espectro e que tiveram grandes conquistas em relação ao respeito no transporte público, nas salas de aula, tratamentos subsidiados por planos de saúde, dentre outros, além de oferecerem apoio a famílias após o diagnóstico.
Algumas empresas oferecem vagas específicas para pessoas do Nível 1 do TEA, priorizando ambientes e tarefas que propiciam um ótimo aproveitamento das capacidades e habilidades dessas pessoas.
Alguns shopping centers, aeroportos, terminais de ônibus e metrô, dentre outros ambientes públicos já oferecem as “salas sensoriais”, com ambiente adequadamente preparado para acolher pessoas neurodivergentes. Recentemente, a Prefeitura de São Paulo inaugurou o 1º Centro TEA Marina Magro Beringhs Martinez, o primeiro da América Latina, com o objetivo de promover a autonomia e a integração social das pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo e seus familiares.
Como visto, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que afeta o neurodesenvolvimento da pessoa, além de ser um problema bastante comum em nossa sociedade. Nesse sentido, a recomendação é observar os sintomas mencionados e buscar um profissional especializado em autismo para realizar o diagnóstico o quanto antes. Assim, a criança terá um desenvolvimento mais adequado para lidar com suas dificuldades. Além disso, buscar todos os recursos oferecidos atualmente e direitos que essas pessoas e seus familiares conquistaram na atualidade.
Fique atento, respeite, informe-se! A escolha é sempre nossa.
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