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  • Gabriella Sperati

Tempos de transição...

Maria do Carmo Tirado

CRP/SP 42494



Nunca se ouviu falar de tantas coisas, doenças mentais emergindo a cada hora, deixando famílias desesperadas; problemas financeiros das mais variadas vertentes; irmãos de sangue – ou não – entrando em conflitos graves; pessoas sem paciência alguma; falta de respeito ao outro; discriminações, ataques e por aí afora.


A pandemia Covid 19 ajudou esse quadro a piorar, muitas perdas (sem a ritualização devida), inúmeros empregos perdidos, empresas fechando, repercutindo em consequências funestas, que esbarram não só na economia, como no âmago político e social, afetando os países como um todo. Em meio a esse caos, surgiram ainda mais guerras e guerrilhas. Enfim, o mundo parou e não sei até que ponto aprendeu a lição em relação ao que passamos.


Na prática, muitos se “aproveitaram” da crise para proveito próprio, sem pensar no outro. O que demonstra que ainda há, na humanidade, indivíduos que têm muito a assimilar e, ao invés de tirar dessa crise um grande e valioso aprendizado, se perderam no seu “ego”. Nem todos estão prontos para fazer a “prova”. Digamos que colaram, não estudaram, não entenderam! E, claro, terão que repetir de ano e reaprender. Cada qual a seu tempo.


A vida nos ensina de diferentes formas: pela alegria, contentamento, vitórias, desafios vencidos. Contudo, também de forma pungente, por meio de dores e sofrimentos, especialmente quando não aceitamos as adversidades e nos desesperamos.


O sofrimento é sempre opcional, duas pessoas passam por situações similares das mais diferenciadas formas. Há aqueles que reclamam de tudo e vivem se vitimizando e há aqueles que são mais resilientes e conseguem ter maior enfrentamento.


Via de regra, os indivíduos que olham para dentro de si, tentando transformar seus defeitos em virtudes, conseguem maiores ganhos e uma força renovadora.


Outra questão importante é o indivíduo não viver de passado, conseguir encarar algumas culpas e seguir adiante. Qual de nós que não teve deslizes na vida? Ninguém está imune a isso, mas persistir em erros é bem mais complexo. Não adianta: o que plantamos, colhemos. Portanto, ter essa consciência é fundamental para encararmos os desafios.


Fácil? Não! mas se montarmos um projeto de vida e assumirmos o compromisso de mudarmos para melhor, já é um grande passo. E a cada passo vencido, novas perspectivas e sucesso.


Na própria pandemia, quantos conseguiram se sobrepor às dificuldades e hoje estão super bem? Talvez não estejam ricos em termos monetários, mas ricos em experiência, em vivências. Alguns até conseguiram se restabelecer financeiramente com empreendimentos, montando outras estratégias. Ou seja, nem sempre o que nos acontece é para o nosso mal, a maior parte das vezes é para que saiamos do comodismo e da inércia. Para nos reinventarmos com criatividade.


Carl Gustav Jung (1875-1961), psiquiatra e psicoterapeuta suíço, versava sobre o Inconsciente Coletivo com maestria, demonstrando o quanto alguns sentimentos ficam introjetados como uma herança, diferentemente do inconsciente pessoal, que é construído individualmente, durante toda a vida de uma pessoa. Desse modo, dependendo do que herdamos dos nossos ancestrais teremos nossa forma de reagir diante catástrofes, transições etc. segundo o que nos foi passado, acrescido daquilo que é nosso. Por isso, as pessoas, as culturas diferem tanto no modo de agir na vida.


Quando nos deparamos com esses fatos e refletimos sobre nossas ações, podemos e devemos ser agentes transformadores. À medida que entramos em contato com o que herdamos e o que nos constitui como seres humanos individuais fica mais fácil aprender a dança da vida. Às vezes mais agitada, outras vezes com a suavidade de uma valsa e, assim, direcionamos passos que podem ser mais apressados ou mais lentos, em diferentes momentos. Todos eles são importantes para aquela idade, para aquela fase que é desfrutada, cada passo vivido, se possível, sob limites claros do que posso realizar e de qual modo.


Nos períodos mais serenos temos que aprender a relaxar, a nos mantermos alegres, a passarmos mensagens positivas e darmos menos oportunidade a tristezas, às vezes totalmente desnecessárias. É preciso discernir, até para apresentarmos maior resiliência no instante da dor.


E essa tal de dor? Física ou não, nos aniquila, mexe com as entranhas, extrapola sentimentos e, aprender a lidar com tudo isso é uma grande arte. Possível, viável, mas demandando muito empenho e vontade. Até para superar uma dor física temos que ser resilientes, senão ficamos escravos dessa agonia.


Imagine agora a dor que não se enxerga a olho nu, a dor da alma. Aquela que é cantada em verso e prosa, sentida nas profundezas do nosso ser, que nos abala profundamente e repercute no corpo. Esse corpo é tão sensível, tão falível que, se não cuidarmos dele, consequências acontecerão. Seja na área mental ou na física.


E assim transitamos na vida, com esperanças, desejos, perseverança e projetos que nem sempre poderemos alcançar. Mas ao tentarmos, investiremos em nós mesmos, na evolução, no aprimoramento, com foco. E se pusermos uma pitadinha de amor, alçaremos mais voos...

A cada dia mais e mais os indivíduos estão buscando o autoconhecimento e, sem ele, muito se perde. Estamos num mesmo barco, mas cada um rema de um jeito, com águas que algumas vezes parecem uma enxurrada e outras se mostram mais suaves.


O caminho pode ser tortuoso ou não, dependerá muito de escolhas e decisões; problemas sempre existirão, não tem jeito! Mas é na forma de encará-los que está a diferença.


Portanto, em tempos de transição, individualmente traçaremos nossos caminhos, baseados em valores e princípios, que dependerão muito da educação, da hereditariedade. Mas sobretudo, do que nos constituímos enquanto seres humanos e o quanto estamos dispostos a mudar para melhor, quebrar maus hábitos, investir num futuro digno para si e para todos.


Transformar hábitos é sempre doloroso, mas como é bom quando conseguimos efetuar uma tímida mudança nesse sentido, que nos estimula a fazê-lo sempre! Mesmo que os resultados não sejam vistos de pronto, só o esforço já nos estimula.


E se o trajeto for complicado e recursos intrínsecos faltarem, sempre há um bom profissional da saúde para lhe ajudar. Psicólogos, Psiquiatras, etc.


Vale a pena investir na saúde mental e física; vale a pena estudar, aprender com os mais velhos; transmutar hábitos doentios em saudáveis. Tornar-se uma pessoa melhor, que deixará seu melhor legado – o exemplo.


Pense nisso... A decisão é nossa! Só nossa!

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