Depressão - o mal da atualidade
- Gabriella Sperati
- há 12 minutos
- 5 min de leitura
Eliana Aparecida Conquista
Psicóloga
CRP/SP 42.479

Vamos iniciar o artigo, com um breve histórico da Depressão na antiguidade, com descrições de Hipócrates, que descrevia sintomas da depressão, associando-os a desequilíbrios no corpo.
No século XIX, O termo "depressão" ganhou o sentido que conhecemos hoje, e a psiquiatria começou a classificar a "melancolia" como uma doença. Estudos em observações clínicas, por Philippe Pinel, foi o pioneiro neste processo, no qual o termo moderno "depressão" ganhou força, separando-se da "melancolia".
Nesse período, final do século XIX e início do século XX, foram criadas teorias, classificações, com o advento de tratamentos baseados em visões distorcidas pelo darwinismo social (usado como justificativa para a pobreza, o colonialismo, e a falta de intervenção de ajuda social às minorias), com práticas desumanas.
No século XX, a teoria de Krepelin descreveu o "círculo da insanidade maníaco-depressiva", um conceito que ainda influencia a compreensão da doença.
A partir de 1970, a depressão tornou-se um paradigma global, com a ascensão da doença como um dos principais problemas de saúde mental do século XXI.
Para a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a melancolia evoluiu para a depressão, uma doença com causas multifatoriais, que envolvem fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos.
Já para a Organização Mundial da Saúde (OMS), aponta que, nos próximos 20 anos, a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas.
Segundo a OMS, a depressão será também a doença que mais gerará custos econômicos e sociais para os governos, devido aos gastos com tratamento para a população e às perdas de produção.
De acordo com o órgão, os países pobres são os que mais devem sofrer com o problema, já que são registrados mais casos de depressão nestes lugares do que em países desenvolvidos.
Atualmente, mais de 450 milhões de pessoas são afetadas diretamente por transtornos mentais, a maioria delas nos países em desenvolvimento, segundo a OMS. As informações foram divulgadas durante a primeira Cúpula Global de Saúde Mental, realizada em Atenas, na Grécia.
Segundo Shekhar Saxena, médico do Departamento de Saúde Mental da OMS, em entrevista à BBC:
"Os números da OMS mostram claramente que o peso da depressão (em termos de perdas para as pessoas afetadas) vai, provavelmente, aumentar, de modo que, em 2030, ela será sozinha a maior causa de perdas (para a população) entre todos os problemas de saúde".
Ainda segundo Saxena,
“a depressão é mais comum do que outras doenças que são mais temidas pela população, como a Aids ou o câncer.Nós poderíamos chamar isso de uma epidemia silenciosa, porque a depressão está sendo cada vez mais diagnosticada, está em toda parte e deve aumentar em termos de proporção, enquanto a (ocorrência) de outras doenças está diminuindo."
A depressão é um transtorno mental sério caracterizado por tristeza persistente, perda de interesse e falta de motivação, afetando o humor, o pensamento e o comportamento. Suas causas são multifatoriais, envolvendo fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. A doença impacta a vida diária, o trabalho e a capacidade de aproveitar a vida, e se não tratada pode levar ao suicídio. Existem tratamentos eficazes, mas é crucial procurar ajuda médica para o controle do transtorno e a recuperação da qualidade de vida.
A depressão resulta de uma combinação complexa de fatores:
Biológicos: alterações bioquímicas no cérebro e desequilíbrio de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina.
Genéticos: a predisposição genética pode aumentar o risco da doença.
Ambientais: eventos traumáticos, como perdas, estresse prolongado ou doenças.
Psicológicos: traços de personalidade e formas de lidar com situações podem influenciar o desenvolvimento da depressão.
A depressão pode se manifestar de diversas formas, mas os sintomas mais frequentes incluem:
Tristeza profunda e persistente
Perda de interesse e prazer em atividades
Falta de motivação e energia
Alterações no sono (insónia ou hipersonia)
Alterações no apetite (aumento ou diminuição) e peso
Fadiga e sensação de cansaço
Dificuldade de concentração, memória e raciocínio
Sentimento de culpa, inutilidade ou desesperança
Irritabilidade e alterações de humor
Pensamentos sobre morte e, em casos graves, ideias de suicídio
SUBTIPOS DA DEPRESSÃO
Distimia
É um quadro mais leve e crônico. As alterações estão presentes na maior parte do dia, todos os dias, por, no mínimo, dois anos. Podem ocorrer oscilações, mas prevalecem as queixas de cansaço e desânimo durante a maior parte do tempo. Geralmente, se mostram como pessoas excessivamente preocupadas, que apresentam um sentimento persistente de preocupação. As alterações de apetite, libido e psicomotoras não são frequentes, é mais comum sintomas como letargia e falta de prazer pelas coisas que antes eram prazerosas. Na maioria dos casos, se inicia na adolescência ou no princípio da idade adulta.
Depressão Reativa
É um transtorno de adaptação que surge em resposta a um evento estressante e facilmente identificável, como a morte de um ente querido, a perda de um emprego ou o fim de um relacionamento.
Depressão endógena
Caracteriza-se pela predominância de sintomas como perda de interesse ou prazer em atividades normalmente agradáveis, piora pela manhã, falta de reatividade do humor, lentidão psicomotora, queixas de esquecimento, perda de apetite importante e perda de peso, muito desânimo e tristeza.
Depressão sazonal
Caracteriza-se pelo início no outono/inverno e pela remissão na primavera, sendo incomum no verão. A prevalência é maior entre jovens que vivem em maiores latitudes. Os sintomas mais comuns são: apatia, diminuição da atividade, isolamento social, diminuição da libido, sonolência, aumento do apetite, necessidade intensa de carboidratos e ganho de peso. Para diagnóstico esses episódios devem se repetir por dois anos consecutivamente, sem quaisquer episódios não sazonais durante esse período.
Depressão Atípica
Apresenta uma inversão dos sintomas: aumento de apetite e/ou ganho de peso, dificuldade para conciliar o sono ou sonolência, sensação de corpo pesado, sensibilidade exagerada à rejeição, responde de forma negativa aos estímulos ambientais.
Depressão psicótica
É um quadro grave, caracterizado pela presença de delírios e alucinações. Os delírios são representados por ideias de pecado, doença incurável, pobreza e desastres iminentes. Pode apresentar alucinações auditivas.
Depressão secundária
Caracterizada por síndromes depressivas associadas ou causadas por doenças médico-sistêmicas e/ou por medicamentos.
Depressão Bipolar
A maioria dos pacientes bipolares inicia a doença com um episódio depressivo e, quanto mais precoce o início, maior a chance de que o indivíduo seja bipolar. História familiar de bipolaridade, de depressão maior, de abuso de substâncias, transtorno de ansiedade, são indícios de evolução bipolar.
Tratamento e Prevenção
Para o tratamento se faz necessário procurar ajuda médica profissional e psicoterápica para o diagnóstico e tratamento adequados. O apoio de familiares, amigos e grupos de apoio são importantes para a recuperação.
Podemos também fazer a prevenção, através de:
Uma dieta equilibrada
Praticar atividade física regularmente
Evitar o consumo de bebidas alcoólicas
Não usar drogas ilícitas
Diminuir as doses diárias de cafeína
Manter rotina de sono regular
Combater o estresse com atividades prazerosas
Não interromper tratamento sem orientação médica.
Enfim, a depressão é um transtorno desafiador, mas existem caminhos claros para a recuperação. Combinando tratamento adequado, suporte social e mudanças no estilo de vida, é possível superar os impactos do transtorno e retomar a qualidade de vida. Se você ou alguém próximo está enfrentando sintomas de depressão, procure um profissional de saúde mental.
Lembre-se: pedir ajuda é um ato de coragem e um passo essencial para transformar a sua vida.
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A decisão é nossa só nossa...




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