Maria do Carmo Braga do Amaral Tirado
Psicóloga – CRPSP 42494
Parceira ConQuistaH Consultoria Psicológica
Como é difícil lidar com as dificuldades da vida! Muitos dizem “matar um leão por dia”, “quando penso que passei pela tempestade, vem um furacão” e assim por diante. Neste momento, de algum modo, estamos impondo a nós próprios um fardo imenso e nem sempre encontramos saídas. É como se assumíssemos um carma eterno.
E de repente, vemos ao nosso redor, pessoas passando por coisas delicadíssimas e conseguindo se sobrepor às mesmas, com tranquilidade e discernimento. O que difere tanto um ser humano de outro? Seria a cultura, a educação, o meio social, as crenças limitantes, o apoio, os exemplos, a religião? Talvez tudo isso e muito mais.
Desde que nascemos vamos introjetando conceitos, ideias e assim vamos formando paradigmas e, paulatinamente, aprendemos a elaborar sentimentos e emoções, que nem sempre são satisfatórios. Na prática desde a gestação, os pais passam àquela criança e de forma inconsciente suas expectativas e sonhos, criando o “bebê imaginário”, sempre “perfeito”, ou ao contrário, uma decepção grande por uma gravidez indesejada, num momento incerto. O que pode engendrar em culpas e remorsos, que de alguma forma recaem sobre a criança em formação.
Uma coisa é fato, o indivíduo tem competências para lidar com todas essas dificuldades e algumas facilidades. Não vem pronto, está em formação e a cada fase de seu desenvolvimento, vai se ajustando à vida e se autorrealizando.
Porém essa autorrealização depende muito da tolerância que tenho mediante frustrações. Tolerar em absoluto não significa que não haja sofrimento. O sofrimento é inerente ao indivíduo. Depende da forma com que lido com isso. Tem o “bem sofrer” e o “mal sofrer”. Contrariedades encontraremos na nossa existência, não tem como fugir disso. Os “golpes” da vida sempre existirão, mas como me deixo afetar? Fico me remoendo, com mágoas eternas, excluo a pessoa da minha vida, bloqueio no WattsApp, como faço? E de repente encontro alguém no qual me coloco em situações semelhantes, o que estou atraindo?
Já pararam pra pensar, que as vezes estamos rodando no mesmo círculo vicioso, por imaturidade emocional? O egocentrismo pertinente à fase inicial da vida, tem que dar lugar a outras fases, nas quais temos que desenvolver confiança em nós próprios, nos percebendo como um ser autônomo e nos autoafirmando.
Na formação da identidade, vamos ser postos à prova, o quanto poderemos – ou não – nos transformarmos em seres éticos, com autoestima razoável e seguros na vida adulta. A adolescência é um marco fundamental para isso e o apoio de pais, ou de quem os substitua, é muito importante.
Um jovem criado com excesso de mimos e presentes desde pequeno, vai tentar extrapolar os limites e, se não tiver alguém que os impeça, poderá buscar por desafios que mexerão profundamente com sua maturidade emocional. Comum nesses casos, aqueles que buscam drogas lícitas ou ilícitas, permanecerem com o passar da idade, com a mesma maturidade pertinente à fase adolescente, sem conseguir passar para a vida adulta de forma segura.
As mudanças físicas e emocionais características da adolescência podem tanto ajudar o jovem a criar uma boa autoimagem e autocontrole, como também, ao contrário, permanecerem como “eternos dependentes dos pais, esposas, maridos etc.”, e a identidade, assim, fica distorcida.
O comprometimento na vida adulta se torna evidente, são pessoas mais egoístas, agressivas, ciumentas e às vezes desonestas. Não incomum haver adultos narcísicos, que desde a infância foram tratados como cristais, os príncipes e princesas, “os queridinhos”, que não aprenderam a crescer e desenvolver suas habilidades, fazendo o outro como seu escravo(a). Além deles próprios têm aqueles que estão ao seu redor, que sofrem muito e são alvos fáceis para manipulações e abusos de toda ordem, especialmente a nível psicológico.
Uma pessoa segura e com maturidade emocional é ética, têm princípios morais, tem autocontrole, responde efetivamente mediante a frustrações, até porque sabe que são inerentes a vida, sabe sofrer, sem deixar de lado o sentimento, mas conseguindo separar melhor a razão da emoção. Como não somos perfeitos, mas estamos em evolução, temos que nos esforçar, a obter esses predicados. Às vezes necessitaremos recorrer a um processo psicoterápico para trabalhar certas imaturidades que absorvemos, especialmente na fase inicial de nossas vidas e, sobretudo, na adolescência.
Se, ao ler esse artigo, for tocado num pedido de mudança para melhor, não deixe de levar adiante um projeto para si mesmo. Mesmo que lá atrás algo tenha embotado a sua evolução, sempre é tempo de resignar seus paradigmas; autocuidado e autoconfiança dependem muito mais de si, do que do outro.
Pense nisso...
A decisão é nossa! Só nossa!
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