Prevenção de Suicídio: Setembro Amarelo
- Gabriella Sperati
- 21 de set.
- 3 min de leitura
Por Maria do Carmo Braga do Amaral Tirado
Psicóloga – CRPSP 06/42494
Parceira da ConQuistaH Consultoria Psicológica

O suicídio vai além de uma mera estatística. Ele representa histórias interrompidas, famílias marcadas pela dor e perguntas sem resposta. Todos os anos, centenas de milhares de pessoas no mundo tiram a própria vida, e cada uma delas carrega consigo uma trajetória única de sofrimento e silêncio.
No Brasil essa realidade não é diferente. Ano pós ano, os índices vêm aumentando. Falar sobre suicídio é uma grande necessidade humana. Cria consciência e acolhimento ao próximo.
É preciso compreender que ninguém decide acabar com a própria vida por um único motivo. Na prática diária em consultório, inúmeras pessoas vêm com ideações suicidas, que podem advir de várias questões, como transtornos mentais, dificuldades financeiras, isolamento, falta de perspectiva de vida. Além de outros fatores, como a violência, por exemplo, sob todos seus aspectos (moral, psicológica, sexual e física). Difícil discernir quais desses fatores seriam preponderantes; depende do contexto social, econômico, criação, tipo de personalidade etc.
Identificar e ajudar esses indivíduos cabe, não só ao profissional de saúde, mas também a todos aqueles que captarem algo diferente no comportamento de alguma pessoa ao seu redor, pode ser em casa, no trabalho, na vizinhança, na escola, no meio social em que convivem. É um esforço conjunto de muitas mãos. O fortalecimento emocional pode ser sustentado pela família(preponderantemente), mas também inclui amigos, colegas de trabalho, vizinhos, além dos profissionais de saúde. Às vezes, uma pessoa de fora do contexto familiar pode enxergar um risco e com isso proteger e sustentar a vida de muitos indivíduos.
Uma conversa aberta com alguém confiável, um abraço no momento certo e ainda, se necessário, uma indicação psicoterápica e psiquiátrica (dependendo do caso), pode minimizar a dor de quem pensa em se matar.
E, falando em dor, cito a Psicóloga Ligia Baptista Martins Abate, que em alguns de seus artigos, refere: “a dor na história da humanidade, foi concebida de muitas formas, como punição, tortura, penitência, mas também há casos em que ela é procurada em busca de alívio”. Por isso, quantas automutilações surgem como pedido de socorro. Afora aqueles que acham que pedir ajuda, é vergonhoso.
Quantas dores da alma, são negligenciadas nas relações? A maior parte finge não existir o problema; quantos pais que não conversam com seus filhos? Dá trabalho olhar para si e em torno de si. É melhor viver automaticamente, nas redes sociais, vivendo vidas que não são suas.
Apesar de o bullying ser um tema muito discutido nas escolas atualmente, a pergunta é: quão seriamente ele é realmente tratado? Atendendo em consultório, percebo sérias negligências nesse sentido, além de inúmeras exigibilidades em torno do Enem. Porém, os alunos nem sempre estão preparados para a pressão familiar e escolar proposta. Chegaram ao meu conhecimento vários suicídios, nos quais adolescentes deixavam cartas de despedida referindo que não conseguiam mais lidar com tudo isso. E fica aqui uma culpa, que dificilmente os pais, ou responsáveis, vão conseguir trabalhar, além do papel da Escola ficar prejudicado em admitir que também errou.
Temos que nos tornar pessoas mais empáticas, que saibamos ouvir, ou até interpretar alguns silêncios. A sociedade também tem seu papel nesse contexto. Temos que estar atentos a auxiliar os indivíduos em geral a pedir ajuda sem medo.
Nós da Conquistah, temos Programas específicos com o intuito de potencializar a capacidade das pessoas de enxergarem o outro como um ser humano global, que necessita ser visto sob todos os aspectos, social, físico, mental, espiritual e financeiro. Acredito que seja a melhor forma de poder acessar o indivíduo em todas as suas nuances.
Não há explicações simplistas para o suicídio. É bem complexo e deve ser visto de maneira individualizada. Às vezes a pessoa apresenta um quadro psiquiátrico, que pode trazer algumas comorbidades, como drogas lícitas e ilícitas. Alguns desses fatores, podem predispor a ideações suicidas e avisos silenciosos de que algo não está normal.
Uma coisa é certa, não podemos negligenciar, nem conosco nem com o outro. É importante se colocar, não se calar; o silêncio muitas vezes é necessário na vida, mas quando ultrapassa um certo limite, pode se tornar insuportável.
Na atualidade somos chamados muito mais ao materialismo exacerbado, às notícias perniciosas, do que ao que realmente interessa.
Cuidado! Temos que exercer a fé, em nós, na vida, em Deus (caso acredite), em algo que de fato valha a pena.
Nossas atitudes estão pautadas em pensamentos, devemos estar atentos ao que pensamos e de que forma. Esses podem ser edificantes e se transformar na mola propulsora para mudanças benéficas, mas também podem nos levar a abismos intransponíveis.
Portanto, celebremos o Setembro Amarelo, fazendo a nossa parte, primeiro por nós mesmos, mas também, e muito, pelo outro.
A decisão é nossa! Só nossa!




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